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No dia 19/4/2021 eu comecei a trabalhar na ThoughtWorks, e essa foi muito mais que uma mudança de emprego. Durante o Onboarding (os primeiros dias na empresa, onde há o entendimento sobre o que você precisa saber antes de começar a trabalhar), num dos muitos papos sobre cultura, eu acabei voltando num assunto que, eu achava que tinha muito bem resolvido e, eu simplesmente travei.
Lá e de volta outra vez
Antes de contar um pouco sobre a minha história, é legal explicar a situação que desencadeou tudo isso. Vou tentar não citar nomes de pessoas por aqui sem consentimento.
O papo sobre cultura na ThoughtWorks é anterior ao meu ingresso na empresa. Existe uma conversa sobre cultura com uma entrevistadora que garante o alinhamento do perfil do entrevistado com o perfil da empresa para que, se houver esse match, o processo prossiga. Durante o processo de Onboarding o tema de cultura é bastante abordado e alguns conteúdos são apresentados, dentre eles um vídeo da Rita Von Hunty sobre consciência de classe, uma apresentação da Preta Rara no TEDx Talks e um trecho de uma entrevista com os Racionais MC's onde eles conversam sobre classes sociais. Após estes conteúdos apresentados, é feito um bate papo com os novos contratados, onde, para os que se sentirem a vontade, há a oportunidade de compartilhar um pouco da sua história.
Quando chegou a minha vez de falar, eu simplesmente travei. Me limitei a falar um pouco sobre as dificuldades que meus pais enfrentaram quando vieram para São Paulo e, sobre a importância de se posicionar sobre determinados assuntos para evitar a opressão muitas vezes sofrida pelas ditas minorias. Ter "travado" sobre esse assunto me fez refletir que, talvez eu não tenha algumas questões tão bem resolvidas internamente como eu achava que tinha, e por este motivo eu estou comentando sobre a minha história publicamente aqui no Blog.
A vinda de meus pais para São Paulo
Meus pais são do nordeste. O que é uma simplificação babaca que generaliza os estados que constituem o nordeste, mas é a forma mais resumida de falar que, minha mãe é cearense e meu pai paraibano, mas que eles moravam em Pernambuco antes de vir para São Paulo. Pernambuco é o estado onde residem ainda muitos dos parentes por parte da minha mãe. Estes parentes que residem em Pernambuco moram em Araripina, numa cidade que fica na divisa com o Ceará e o Piauí.
Meus pais vieram para São Paulo com o sonho de ter melhores condições de vida, uma promessa difícil, mas que fazia sentido, principalmente para a época. Afinal, São Paulo era a Terra da oportunidade...
Acredito que por conta de uma cultura herdada de quem vem de uma familia grande, pouco se compartilhava com as crianças/filhos (minha mãe teve 13 irmãos e, para a minha avó provavelmente ia ser logísticamente inviável de ter essa atenção tão grande para contar histórias para todos os filhos). Isso não acontece por maldade ou descaso, afinal, minha familia tem origens muito humildes e as pessoas estavam focadas na sobrevivência. Dito isso, essa história tem algumas lacunas gigantescas e recomeça contada por mim anos depois.
Algumas histórias da minha família ainda hoje, eu acabo descobrindo quando minha esposa pergunta para minha mãe. Não que eu não tenha interesse na história da minha familia, mas esse assunto sempre parece um tabú enquanto filhos perguntando para os pais.
As primeiras lembranças que eu tenho da minha infância são, enquanto ainda muito criança morando na zona sul de SP, num lugar que eu conhecia como Jardim Primavera (e que eu achei impossível de encontrar no Google dessa forma), ou hoje conhecido como Jardim Edilene. Meus pais mantinham um pequeno bar/comércio/avícola na região, num local alugado próximo a nossa casa também alugada, algo que com certeza foi conquistado com muito suor. Sobre um período anterior a este, minha mãe me conta que vendia hotdog num carrinho na rua, com a minha irmã mais velha, ainda um bebê então, dentro do carrinho. Eles só estavam tentando sobreviver.
Eu lembro de muito pouco desse período, alguns flashes de quando eu ia visitar a avícola, onde meus pais revezavam o trabalho no caixa e a parte "bruta" do trabalho, que era degolar e depenar frangos para vender no comercio local - onde os clientes eram basicamente nossos vizinhos. As vezes eu ganhava algumas das famosas balas assassinas dos anos 80, e elas eram ótimas! Lembro que na época, eu tinha um bom relacionamento com meu pai, que era sempre um cara muito sério e rígido mas tinha seus momentos.
Dessa época eu também tenho algumas recordações de visitar minha avó paterna. Ela e meu avô haviam se separado e ela tinha um companheiro que eu não me recordo o nome. Minha avó se chamava Alice. Tenho algumas lembranças boas das visitas que fazíamos a minha avó, que tinha um pequeno sítio em algum lugar ainda em São Paulo, mas bem longe da minha casa na época. Lembro que ela tinha alguns animais como galinhas, um peru e, que tinha um pequeno engenho para moer cana e fazer garapa - ou mais conhecido como caldo de cana. Lembro também que ela sempre me dava um dinheirinho escondido quando íamos visitar, o que acontecia bem raramente. E lembro também que minha mãe nunca participou de nenhuma dessas visitas.
Eu como criança e perdido na minha ingenuidade, não entendia nem dava muita bola para a situação, afinal, cada visita a casa da minha avó era uma aventura! Um lugar onde eu podia correr atrás dos bichos, ganhar um dinheirinho e tomar um caldo de cana! Porém, o motivo de a minha mãe não nos acompanhar nas visitas a casa da minha avó era simples: Minha mãe é negra, meu pai é branco e a minha avó sendo uma pessoa extremamente racista nunca aceitou a minha mãe, fato que eu só fui descobrir na minha vida adulta.
Minha familia é católica e minha madrinha também morava na região. Ela se chama Mercedes e o único evento que eu me lembro que acontecia religiosamente naquela época era um amigo secreto, sempre na casa da minha madrinha. Cada familia que participava levava um prato diferente e era um tempo compartilhado bem divertido!
Mercedes, minha madrinha, veio a falecer este ano (2021).
Quando eu tinha mais ou menos 10 anos (então próximo a 1998), meus pais decidiram se mudar para um bairro chamado Jardim Kika, onde tinham conseguido comprar um terreno e construído uma casa - mas principalmente porque o Jardim Primavera estava perigoso demais. Em algum momento durante este período, minha tia mais velha e responsável pela criação da minha mãe (algo muito comum em famílias muito grandes) veio de Pernambuco para São Paulo ajudar sua irmã com a criação dos filhos, já que cuidar de um comércio com trabalho pesado e de dois filhos era em si um trabalho provavelmente insano. Estávamos só tentando sobreviver. O nome da minha tia é Maria Antonia, mais carinhosamente chamada de tia Tônha na família.
E sim, eu tenho duas irmãs, Daniela - 5 anos mais velha que eu e a Camila, 12 anos mais nova (e nesse ponto da história ainda não tinha nascido).
A vida no Jardim Kika
Eu morei no Jardim Kika entre uns 10 anos de idade até a minha saída de casa até janeiro de 2015, quando eu saí de casa para dividir um apartamento com colegas, num local próximo do trabalho - então morei no Jardim Kika mais ou menos durante uns 17 anos, nos quais como é de se imaginar, muita coisa aconteceu.
Nós éramos em 5 nessa época (minha mãe, meu pai, minha irmã mais velha, tia Tonha e eu), dividindo uma casa de dois cômodos. Meus pais tinham seu quarto, enquanto eu, tia Tonha e a Dani dividíamos o outro.
Assim que mudamos e durante alguns anos que seguiram, meus pais continuaram trabalhando no Jardim Primavera. Eles alugaram um outro local ainda na região, próximo ao como chamávamos "Escadão", que nada mais era que uma grande e larga escada que descia levando para a área mais periférica da região. Era um ponto para o comercio bem melhor que o anterior e agora meus pais tocavam o que era um restaurante durante o dia, que servia comidas típicas do nordeste como um caldo de mocotó, e um bar durante a noite. Meus pais passavam o dia inteiro fora de casa trabalhando, enquanto eu e a Daniela éramos criados pela minha tia, a tia Tônha. Após ler esse trecho, não pense que meus pais negligenciaram ou delegaram a criação dos filhos propositalmente. Estávamos apenas tentando sobreviver.
Tia Tônha
Essa parte da história não é linear, mas serve para contar a história da minha tia durante o período em que pude conviver com ela.
Tia Tônha não teve um marido, companheiro ou algo do gênero. Ela dedicou a sua vida para a criação das irmãs e sobrinhos posteriormente.
Tia Tonha foi de verdade uma mãe pra mim. Ela era a pessoa que cuidava de mim, que cozinhava, que contava algumas histórinhas bobas e fazia algumas brincadeiras que sempre acabavam com ela me fazendo cócegas! Foi ela quem me presenteou com o único video game que eu tive na vida, um Super Nintendo pirata que custou uns R$200, comprado em muitas parcelas numa papelaria próxima de casa, com o dinheiro de 1 salário mínimo que vinha de sua aposentadoria. Ela era sempre muito rígida e severa com as demais pessoas, o que era de se esperar tendo sido a filha mais velha de uma família com 13 irmãos e sendo responsável por criar boa parte deles. Mas comigo, a tia Tonha era sempre uma pessoa muito alegre e doce! Ela tentava não incomodar meus pais, tendo seus poucos bens como uma pequena TV e seu guarda roupas dividido no mesmo quarto com duas crianças.
Como eu gostava de Tia Tônha!
Tia Tônha não sabia ler nem escrever. Eu era seu socorro quando ela precisava resolver algum assunto que tinha essa necessidade e antes de mim provavelmente era minha irmã mais velha a responsável por este papel. Eu a acompanhava, indo de ônibus até o banco para que ela pudesse retirar sua aposentadoria, numa agencia do Itaú mais próxima da nossa casa - que ficava a apenas 5km de distância. Em algum momento, tia Tonha começou a me dar uma mesada, algo como R$5,00 por mês, o que para a época deveria comprar uns 2 pastéis, ou se poupados por um ano inteiro, daria pra comprar uma fita de video game usada, que era exatamente o que eu fazia. Ahhh, mas como eu tinha vontade de gastar aquele dinheiro com pastel... Mas prioridades são prioridades!
Em algum momento, o relacionamento de Tia Tônha com meus pais começou a ficar mais e mais fragilizado e, ela decidiu voltar para Pernambuco. Não lembro exatamente em que ano isso aconteceu. A partir deste momento, eu perdi o contato com tia Tônha. Afinal, eu era apenas uma criança, uma ligação para Pernambuco custava uma fortuna e a prioridade para falar no telefone era dos adultos. Alguns anos depois, já em 2010, eu pûde rever a minha tia numa viagem para Pernambuco, que foi necessária pois, nos avisaram que tia Tônha estava muito doente.
Tive que comprar as passagens as pressas e não consegui nenhuma passagem para o aeroporto mais perto (que ficava em Juazeiro do Norte, CE), de forma que precisei ir para o aeroporto de Petrolina. Este ficava a apenas 7 horas de viagem de micro-ônibus até Araripina.
Chegando na casa de meus parentes, minha mãe e irmã mais nova já estava a minha espera e, a primeira pessoa que eu vejo é tia Tônha. A princípio ela não me reconheceu, afinal agora eu já era um homem adulto, diferente da criança que ela deixara em São Paulo na sua partida anos atrás... Ela me abraça, me beija, chora de saudades com aquele reencontro. Ela estava morando numa pequena casa ali próximo e me pede para visita-la assim que eu puder.
Eu fiquei mais ou menos duas semanas em Araripina e, durante esse tempo eu ví tia Tônha quase todos os dias, até um momento que vê-la passou a me machucar demais. Tia Tônha estava com um quadro parecido com um alzheimer em estágio muito avançado e, a cada novo encontro, ela não sabia quem eu era. A cada mais ou menos meia hora, era como se suas memórias recentes fossem reiniciadas. Sempre que nos encontrávamos, ela se apresentava pra mim novamente, alguns minutos depois me reconhecia como sendo o Danilo, aquela criança, filho de sua irmã que deixou em São Paulo, e chorava! Falava da saudade que tinha durante aquele tempo longe de mim e da minha irmã! Na casa de tia Tônha havia um único quadro pendurado na parede, com uma foto de perfil minha e de minha irmã mais velha com roupas de cowboy, uma dessas tiradas no colégio. E quando ela me falou que aqueles da foto eram os filhos de sua irmã, crianças que ela amava muito e a muitos anos não via, assim em terceira pessoa, e então me reconheceu novamente e me abraçou chorando, aquilo foi demais pra mim. Mas eu tinha que suportar, mesmo que ela não lembrasse de todas as vezes em que nos abraçávamos, ela precisava daquele momento de felicidade. Estávamos só tentando sobreviver.
O atendimento médico de Araripina era muito precário e, há desconfianças de que minha tia tinha desenvolvido um cancêr no cérebro, algo que nunca foi confirmado. Ninguém ali, nem eu, tínhamos condições financeiras para investigar a fundo qual era o mal de que minha tia realmente sofria.
Tia Tônha veio a falecer ainda em 2010, pouco tempo depois de nossa visita. Tia, você que foi tão importante na minha vida e representou um papel de mãe num momento que eu precisava tanto, esteja em paz onde quer que você esteja. Obrigado por ter sido tão presente na minha vida e saiba que aquele sobrinho que você deixou em São Paulo te ama muito e nunca esquecerá de ti.
De volta ao Jardim Kika
No Jardim Primavera, as coisas não iam tão bem. Para abrir o novo restaurante, meu pai fez uma sociedade com um amigo dele o qual eu não me recordo o nome e, o combinado era que o trabalho de administrar o negócio e servir os clientes fosse dividido entre os envolvidos. Não era isso que acontecia. O trabalho sobrava muito mais para meu pai e minha mãe, os quais eu praticamente não via em casa. Saiam bem cedo, chegavam cansados a noite apenas para jantar e dormir. A sociedade durou algum tempo, e acabou terminando quando meus pais começaram a desconfiar que seu sócio estava roubando do caixa do restaurante, pois a contabilidade passou a não bater e não haviam funcionários lá, além de meu pai, minha mãe e seu sócio.
Durante o período que meu pai trabalhou no restaurante/bar, ele começou a mudar. Pra mim, apenas uma criança na época, não estava claro o que acontecia, mas aquele era o início de um problema sério com álcool, que meu pai enfrenta até os dias de hoje. Pra mim, naquela época, a única coisa que eu sabia era que meu pai estava se tornando um homem mais e mais agressivo, que gritava e batia sem motivos. Me lembro claramente de uma tarde onde, ele chegou bêbado em casa enquanto eu estava jogando cartas com a minha irmã e, assim que ele pôs os pés pela porta do nosso quarto, entrou xingando e chutando os montes de cartas do chão, dizendo que se nos pegasse jogando mais uma vez qualquer jogo que fosse, "íamos ver só". E só como detalhe, aquele baralho ele mesmo tinha nos dado algum tempo atrás.
Quando a sociedade terminou, meus pais não abriram um novo negócio. Afinal, nós deixamos de morar no Jardim Primavera devido principalmente a questão de segurança, que com o passar do tempo só piorou. Assim, meu pai começou a fazer alguns bicos de pedreiro e minha mãe começou a trabalhar num flat em Moema, área nobre na zona sul de São Paulo, como arrumadeira. Durante esse período, minha mãe engravidou novamente e pouco tempo depois a Camila nasceu, minha irmã mais nova. É importante citar que nesse período o trabalho da minha mãe era super importante, pois além da renda extra para a casa, lhe concedia um convênio que poderia incluir os filhos.
Posteriormente, tia Tônha voltou para Pernambuco e, sem a minha tia em casa, minha mãe deixou o trabalho para poder cuidar dos seus 3 filhos, mantendo somente um trabalho esporádico e sem carteira assinada, onde ela fazia a faxina para uma moça que morava em Moema, complementando assim a renda da casa. Essa moça era garota de programa. O clima em casa nessa época começou a piorar e piorar, com meu pai se embebedando todos os dias e com a minha mãe cuidando das tarefas da casa e dos filhos, praticamente sozinha. Houve um momento onde eu deixei de me sentir seguro na minha própria casa.
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- Em 5/2005, comecei a trabalhar numa papelaria no Itaim, como office-boy.
- Em 9/2007, comecei a trabalhar numa empresa que fazia o balanço (ou contagem de produtos para fechamento do mês) de super-mercados e como auxiliar de vendas, numa loja de roupas.
- Em 2007 prestei o Enem enquanto trabalhando na RGIS
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Avançando um pouco no tempo, em Janeiro de 2008 eu entrei na faculdade, utilizando minha nota do ENEM para o que seria um dos primeiros anos do Prouni, ou Programa Universidade para Todos, um programa do governo federal iniciado na gestão do, na época, presidente Lula. E como é de se imaginar, as coisas não aconteceram bem como deveriam.
Minha nota do Enem de 2007
No segundo ano do ensino médio eu reprovei em geografia (onde na verdade, a sala inteira acabou reprovando por conta de desentendimentos com a professora) e eu acabei cursando a matéria durante meu período de férias nos meses seguintes. Na escola onde eu cursei o ensino médio havia um problema com o meu histórico escolar, onde alguém cometeu um erro e não incluiu como concluída a matéria de geografia em que eu havia reprovado e, posteriormente cursado. Sendo assim, sem meu histórico escolar completo eu não podia iniciar na faculdade, com uma bolsa de 100% que eu tinha conseguido...
Ao tentar um contato com alguém na secretária do colégio, a única resposta que eu recebia era que nada podia ser feito. Ninguém queria se dar ao trabalho de investigar um problema de um aluno que alegava um erro no seu histórico escolar. Somente após alguns dias passando horas e horas apenas esperando e me fazendo presente naquela secretária do colégio que não tinha sequer um banco para sentar, já muito próximo a data limite para entrega dos documentos na faculdade, alguém me deu atenção e resolveu fazer um adendo ao meu histórico escolar informando sobre o problema com a DP de geografia e, enfim eu consegui iniciar o curso na faculdade. Eu comecei um cursos de Sistemas de Informação na faculdade Unip e, no semestre seguinte, transferi minha bolsa para o Centro Universitário Senac.
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- Em 4/2008, comecei a trabalhar na Teletech;
- Em 1/2009, comecei a trabalhar na Locaweb;
- Em 1/2015, passei a morar sozinho;
- Em 4/2019, eu casei;
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E chegamos a 2021. No momento em que escrevi essa história, meu filho Arthur está completando 2 meses.
Assistindo alguns dos vídeos recomendados no meu Onboarding na ThoughtWorks, foi muito fácil me reconhecer em várias das situações apresentadas e, quando não diretamente, reconhecer alguém muito próximo, como minha mãe que se aposentou trabalhando como arrumadeira num hotel. Que sofreu com racismo dentro da própria familia, por parte de sua sogra. Que sustentou 3 filhos ganhando pouco mais que um salário mínimo por mês.
Essa história ainda possui várias lacunas - as quais eu pretendo escrever sobre em breve, além de ser justo com algumas pessoas que foram muito importantes na minha história e citá-las aqui, mas o intuito principal era colocar em contexto a minha história, onde com um pouco de sorte e muito esforço, eu consegui chegar onde estou hoje. Eu tenho ciência de que financeiramente eu hoje posso dar uma vida muito mais confortável do que eu tive para meu filho, mas socialmente eu não acho que isso seja suficiente.
E dito tudo isso, é muito bom poder trabalhar em uma empresa que apoia a diversidade, que se posiciona abertamente contra a injustiça racial e, que com uma entrevista de cultura me trouxe um momento de reflexão sobre a minha história até aqui!
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